Nick Cohen, em entrevista ao semanário Sol, diz umas quantas coisas que merecem ser lidas. Pela esquerda.
“O que são estes europeus brancos e ricos que dizem ser de Esquerda? Que esquerdismo é o deles? Que significado tem, quando o socialismo – que definia o que era ser de Esquerda nos anos 80 – já não existe nem tem programa para além da democracia social? (…)
Suponho que, em Portugal, a Esquerda seja mais anticlerical do que a Direita. No entanto, (…) é muito provável que grande parte dos portugueses que dizem que não se deve ofender os clerigos muçulmanos sejam de esquerda. Não é estranho? O que é feito dos seus valores iluministas? Só os usam contra os pregadores católicos brancos?
(…) Tenho passado muito tempo a tentar perceber os filíosofos pós-modernos, que são escritores horríveis. Ao lê-los, fica-se com a impressão que é imperialismo cultural defender os melhores valores liberais, como a liberdade de expressão ou os direitos das mulheres.
(…) [Segundo a Esquerda,] é aceitável defender os direitos das mulheres brancas de Londres ou Lisboa, mas não os das mulheres de Teerão. Ou que o que é de Esquerda é ser contra Guantánamo, mas não contra o que se passa no Darfur, ou que se deve defender os direitos sindicais em Portugal, mas não na China. (…) Devia haver vigílias à porta da embaixada chinesa em Lisboa dia sim, dia não. Mas como não se pode deitar as culpas aos americanos… deixa-se passar.”
Pois!
Estou farta de pensar no assunto, embora ainda não tenha lido nada deste Nick Cohen, mas a minha conclusão é um pouco diferente.
Acho que esquerda e direita já não fazem sentido: no mundo actual é um pouco como tentar dividi-lo em A e B e inscrever tudo em duas categorias, que além de limitadas são antagónicas.
Acho que este assunto merecia até um blogue!
A posição dele é heterodoxa: critica mesmo aqueles com quem tem afinidades políticas. Só por isso despertou-me interesse: é mais fácil encontrar ortodoxos do que heterodoxos…
aquela cena da vigília tem a sua pertinência
o anti-americanismo não compreende que a sua própria existência intelectual depende do americanismo, pois este aceita o contraditório.
mas a intoxicação é tanta que até já tenho alunos que preferem emigrar para o iraque ou o irão do que para os EUA… verdadeiro…