O final do ano letivo aproxima-se com um acumular de certezas, de sonhos e de ilusões para muitos alunos, sinal de que trabalharam e esperam ver reconhecido o seu trabalho, malgrado os exames com as pressões e imponderáveis associados e que, em alguns casos, pregam partidas e desfazem sonhos, sendo certo que não será um drama sem solução. Haverá sempre tempo para recuperar. Nestes casos, costumo dizer que mais vale perder um ano agora, do que “andar a aquecer os bancos da universidade” em cursos de recurso, sem motivação e, por isso, sem resultados. Ficará bem mais caro, quer a nível económico, quer a nível da autoestima e expetativas de futuro. É muito frequente termos alunos a mudar de curso no ensino superior e muitos destes a fazer novamente exames de acesso. Convém recordar que o curso superior ou médio que hoje se tira pode não ser uma porta aberta para o trabalho para que cada um se sente vocacionado e para o qual tem aptidões. Seguramente esse curso prepara melhor o aluno para o processo de adaptação e de mudança a que terá de responder num mundo em rápida transformação, assim ele adquira o que constitui uma competência fundamental na formação atual: aprender a aprender, isto é, ter capacidade para em cada momento estar preparado ou ter a capacidade para enfrentar novos desafios, para ser inovador e empreendedor. Muitos reputados educadores e gestores referem, e disso já temos a prova, estamos a preparar (formar) jovens para profissões que ainda não existem.
Nesta época surgem, também, muitos alunos que, face aos resultados previsíveis no final do ano letivo e pouco animadores face às expetativas, pretendem anular a matrícula, convictos de que, em exame, terão melhores resultados. Salvaguardando os casos (muito poucos) em que isso é verdade, é um erro a anulação da matrícula. Os pais devem obter informação na escola sobre as diferentes e a melhor opção, que nem sempre é coincidente com a que o filho transmite. Ponderar muito bem estas situações e tomar a decisão mais acertada a longo prazo, não é, de maneira nenhuma, desprestigiante. Mais importante do que passar de ano ou concluir o ensino secundário é estar capacitado e ter as competências necessárias para o sucesso no ensino superior no curso que pretendem.
Para o 10º ano do ensino secundário estamos também a iniciar a fase das escolhas que determinarão o futuro: ensino regular ou ensino profissional? Aqui também se impõe muita ponderação na escolha. O ensino profissional é hoje uma excelente opção de futuro para muitos jovens, que permite um leque de opções que não excluem o ensino superior, aliás, alguns cursos profissionais (por exemplo Contabilidade versus a área das ciências socioeconómicas) preparam melhor os alunos para o ensino superior pela formação técnica que adquirem. Hoje os cursos profissionais deixaram de ser o parente pobre da educação e constituem uma opção válida não apenas para os alunos com resultados menos bons. As escolhas feitas no 10º ano começam a ser determinantes e devem ser muito ponderadas tendo em conta os conhecimentos e competências dos alunos e as suas perspetivas de futuro, mas também, os seus interesses e necessidades a curto prazo, bem como as suas aptidões e motivações para os cursos que pretendem. Mudar o percurso a meio do ensino secundário acontece com alguma frequência e acarreta uma experiência negativa que em nada favorece as aprendizagens. Apesar do desemprego, na escolha convém ter presente e ponderar os índices de empregabilidade de cada curso e que costumam estar disponíveis no IEFP.http://www.correiodominho.com/cronicas.php?id=5964