“Já de si, a vida dos professores não é fácil. Para já, os outros grupos sociais têm-lhes um desprezo latente. Este deve-se ao facto de nunca terem abandonado o sistema escolar para se afirmarem na vida fora do mesmo. Após o tempo da escola, transferem-se para uma universidade, de onde regressam à escola para se tornarem funcionários públicos. Semelhante percurso pode ser interpretado como sinal de medo perante a vida, e de incapacidade. (…) Acresce que os professores têm mesmo uma determinada doença profissional: lidam, dia após dia, com adolescentes e crianças; assim, é inevitável que facilmente se tornem infantis. (…) Os professores são, por isso, facilmente capazes de se exaltar com coisas secundárias e de fazer de uma mosca um elefante.
Mas este desprezo é injusto face a uma tarefa que nem um gestor experiente, nem um empresário com nervos de aço haveria de aguentar durante uma manhã sem pensar em fugir: nomeadamente a de levar uma horda de selvagens sem interesse na aprendizagem, mal-educados e habituados ao entretenimento televisivo a interessarem-se pela sublimidade do idealismo alemão, enquanto esses não pensam noutra coisa senão organizarem ataques à dignidade do professor. Ninguém fora do recinto escolar faz uma pequena ideia dete combate diário contra a insolência pura e simples, a maldade sádica e a crueza mental. E o que é pior é que o professor ainda por cima tem de suportar que lhe sejam apontadas responsabilidades pela rudeza e falta de educação dos seus alunos: ele próprio tem a culpa; ele é que não tem mão na turma, os alunos não curtem as suas aulas, pelo contrário, sentem-se maçados. (…) O seu comportamento é unicamente imputado às aulas, ao passo que na realidade padecem de falta de capacidade de concentração e de défices educacionais de fabrico caseiro.”
Dietrich Schwanitz, “Cultura – Tudo o que é preciso saber“
Vem isto a propósito da descrição que me foi feita por um colega de trabalho do comportamento de uma das suas turmas; e após 90 minutos de tortura a que sou submetido, semanalmente, quando tenho de fazer na escola aquilo que os paizinhos deveriam ter feito em casa.
Terá sido a milu a “apagá-lo” por pôr em causa as teorias que ela propaga?
Sei que o homem apareceu morto em casa. Na Alemanha, especulou-se que poderia ter sido suicídio, mas não acompanhei o caso. O certo é que Dietrich Schanitz se foi.
Sem professores não haveria cultura!
Parabéns pelo novo espaço. Cá virei sempre que puder!
Gostei do texto
ecce
Agradeço! Depois deste, muitos outros se seguirão. Estou no início… Um abraço!
bem diz o povo: pimenta no £@ dos outros, no meu é refresco!
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