Enquanto em algumas escolas se celebrava um futurista “choque tecnológico” nas aprendizagens, outras preparavam o regresso às aulas sob o risco de choques eléctricos ou a velha ameaça – cuja dimensão está por avaliar – do amianto que contamina os seus edifícios. Esta manhã, quando a maioria dos cerca de 1,65 milhões alunos começarem as aulas, nem todos saberão se o fazem num local seguro.
A presença de amianto , um cangerígeno, em placas de fibrocimento utilizadas na construção de escolas nos anos 70 e 80 é há muito motivo de preocupação. Esta sexta-feira, a deputada do partido Ecologista “Os Verdes”, Helóisa Apolónia, enviou ao Ministério da Educação um requerimento para que clarifique as medidas a tomar na matéria. Mas àparte os casos denunciados das escolas Ana de Castro Osório, Bela Vista e Luísa Todi, todas em Setúbal, ou da Secundária de Oliveira do Hospital, a maioria das escolas em causa nem sequer está sinalizada.
Bem mais conhecido é outro problema: a degradação de algumas escolas. No secundário, há 330 estabelecimentos identificados para a intervenção, até 2011/2012, e mil milhões de euros para gastar em obras. Um projecto a coordenar pela Parque Escolar, EPE, empresa pública criada pela tutela. O problema é que não é garantido que todos resistam até lá.
Na Filipa de Lencastre, em Lisboa, a cantina foi fechada pela Auroridade de Segurança Alimentar e Económica. Há salas com buracos no tecto, por onde chove, janelas partidas, o quadro eléctrico não é seguro e o pátio está impróprio. Tudo confirmado por fiscais do Ministério da Saúde .”Felizmente ainda não aconteceu nenhuma desgraça com um aluno. Mas temos sempre esse receio”, resume João Matias, da associação de pais.
Desde 2002 que as obras estão para avançar. “A intervenção chegou a estar programada para este ano”, conta. “Mas, segundo ouvi, a Parque Escolar não autorizou a obra, porque não estava na lista de quatro escolas- a intervencionar este ano”. Entretanto, a escola foi promovida a sede de agrupamento vertical e, além de alunos do secundário e do 3.º ciclo recebe este ano “cinco turmas do 5.ºano”.
Contactado pelo DN, Rui Nunes, assessor do Ministério, garantiu que a Filipa de Lencastre está “na próxima linha de escolas a intervencionar”. Quanto ao amianto, a tutela promete “adequada resposta” ao requerimento dos “Verdes”.
in DN