«O Estado Novo, não podendo isolar-se em absoluto das novas exigências, teve de escolher (…). Amparando-se na contraposição entre a “instrução” e a “educação”, aquela como treino do intelecto e esta como formação do carácter, valorizou a função educativa da escola em detrimento da sua finalidade instrutiva. Destinada a incutir a “virtude”, e não a propiciar o treino profissional ou a transmitir conhecimentos úteis, a escola passa a ser concebida mais como instrumento vantajoso de doutrinação do que local de aprendizagem para a vida profissional.»
Medina Carreira, O Estado e a Educação, Cadernos do Público, n.° 7, s/d
Andam por aí uma série de eduqueses que insistem que a escola deve “educar”. Pois eu insisto que quem educa são os pais, pois à escola cabe instruir. Na sua feliz ignorância filosófica, tais eduqueses igniram que educar pressupõe valores, e que quem educa, educa para determinados valores. A isso chama-se doutrinação. O que esses eduqueses não assumem é que é isso mesmo que eles pretendem: doutrinar as criancinhas nos maravilhosos amanhãs que cantam.
acrescentaria que o problema também passa pela diferença entre “adular ou modificar o gosto”…
«Quem hoje em dia ensina filosofia não selecciona o alimento para o seu aluno com o objectivo de lhe adular o gosto, mas sim para o modificar.» Wittgenstein
…serve para filosofia como para qualquer outra área do saber.