O cantautor espanhol Patxi Andión abre a 14 de Maio a sua digressão em Portugal no Cinema São Jorge, em Lisboa, disse hoje à Lusa fonte da produtora Mundo da Canção, do Porto, que promove o evento.
O cantautor espanhol não actua em Portugal desde 1999.
A produtora Mundo da Canção já tinha anunciado no princípio de Janeiro os dois outros concertos da digressão, com datas confirmadas na Casa da Música, no Porto, para 15 de Maio e no Teatro Municipal da Guarda, no dia seguinte.
“O concerto em Lisboa esteve sempre no nosso objectivo, mas não foi possível anunciar na altura por falta de salas disponíveis na capital, o que foi agora possível resolver, pelo que a digressão em Portugal, que devia começar no Porto, acabará por abrir em Lisboa, no São Jorge”, disse à Lusa a mesma fonte.
Patxi Andión regressa a Portugal para apresentar dois novos discos, uma colectânea de clássicos seus e um outro, de originais, ainda inédito.
Considerado um dos maiores cantautores de Espanha, Patxi Andión mantém grande popularidade, tanto em Portugal como em Espanha, apesar não ter gravado nada de novo entre 1999 e 2008.
O lançamento, em Novembro, da colectânea em CD duplo “30 Grandes Êxitos – O Melhor de Patxi Andión”, com novos arranjos, esgotou rapidamente, propiciando o regresso de Paxi Andión aos palcos.
Em Portugal, este seu novo álbum deverá sair no primeiro trimestre de 2009, pouco antes do lançamento em Espanha de “Porvenir”, o seu novo disco de originais.
Patxi Andión González nasceu em Madrid, em 1947 e, embora as raízes bascas o tenham marcado para sempre, foi a educação que recebeu na capital que o influenciou mais profundamente.
O interesse pela música começou no seio da família já que a mãe era uma talentosa cantora, embora nunca tenha querido fazer carreira profissional e a avó materna foi soprano em companhias amadoras, tendo actuado no Teatro Real de Madrid, no Liceo de Barcelona e por toda a Espanha.
Patxi estreou-se em público aos cinco anos na Cadena SER da Rádio Madrid, aparecendo pouco depois no papel de Menino Jesus numa peça de teatro, em que cantava “La Fuente del Avellano”.
Na adolescência tocou em grupos de rock como Los Camperos, Los Silvers ou Los Dingos. Já tinha então o seu inconfundível vozeirão, o que naquela época era uma limitação, impedindo-o de cantar nos grupos “por ter voz de negro”, o que na altura não era bem aceite.
O pai de Patxi era um republicano de esquerda e esteve preso durante anos, ambiente que moldou a sua consciência política, mais tarde desenvolvida na FRAP, organização revolucionária de esquerda que lutou contra o franquismo.
Depressa passou para a canção de autor. Talvez, como refere, pela ânsia “de estar comprometido com a única coisa com que alguém se pode honradamente comprometer: a dúvida”. Ou, segundo outra das suas históricas explicações “para aprender a tocar guitarra”.
Por causa desta militância várias vezes esteve prestes para ser preso pela polícia política do regime, pelo que, decidiu atravessar a fronteira para França, onde recebeu ajuda dos serviços de acolhimento aos espanhóis exilados.
Com apenas 21 anos, foi testemunha do revolucionário Maio de 68 parisiense, onde levava uma vida boémia, cantando nos bares do Quartier Latin e em célebres “caveaux” como L’Escale e o La Contrescarpe.
“A essa época devo a minha vocação musical – vivia na Rua Gay Lussac, a primeira que foi cortada pela revolta, o que considero uma experiência inesquecível em todos os sentidos”, disse.
Para evitar o exílio definitivo, acabou por voltar para Espanha, para cumprir o serviço militar, altura em que fez o seu primeiro disco, um single com dois temas, proibido mal veio a público.
Pouco depois saiu o seu primeiro LP, “Retratos”, uma colecção de canções sobre personagens que não estavam em concordância com a “realidade oficial” e que voltou a trazer-lhe graves problemas com a censura.
Um dos seus primeiros temas, “Canto” (incluído no seu primeiro single e depois no LP de estreia) e “Mi Niñez”, editados em 1978 no LP “Cancioneiro Proibido”, foi um enorme sucesso, apesar de boicotado pela maioria das cadeias comerciais.
Foi nessa época que Patxi viveu a sua etapa de maior actividade musical, durante a qual editou um total de dez discos.
Esteve quatro anos sem editar discos e fez televisão e cinema, nomeadamente o papel de inspector Carvalho (de Vásquez Montalbán) em “Asesinato en el Comité Central” e o de Che Guevara na bem sucedida montagem de “Evita”.
Nos anos oitenta dimunuiu a sua produção musical, mas continua a fazer cinema e televisão e resolve, algo inesperadamente, aproveitar as suas licenciaturas em Psicologia, Jornalismo e Sociologia para se tornar professor na Faculdade de Ciências da Informação da Universidade de Madrid.
Em meados dos anos noventa Patxi publica um novo disco “Nunca, nadie” no qual volta a gravar algumas canções dando-lhes um formato diferente e inclusivamente modificando letras e músicas.
Voltou a dar concertos em público, às vezes acompanhado pela sua banda acústica de jazz, quatro instrumentistas que têm percursos musicais próprios e que o acompanharão na sua digressão em Portugal.