Fracos resultados a Inglês levam Crato a generalizar ensino da língua a todos os alunos do 3.º ano em 2015/2016

Fonte: Jornal Público

Todos os alunos do 3.º ano de escolaridade vão passar a ter Inglês obrigatório no ano lectivo de 2015/2016, disse o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, nesta sexta-feira. O alargamento a todas as escolas da disciplina, que se previa que fosse lançada naquele ano, mas em projectos-piloto, foi anunciado na cerimónia de apresentação dos resultados do key for schools teste de diagnóstico de Inglês do 9.º ano, que revelaram que cerca de 47% dos alunos do 9.º ano estão nos dois níveis mais baixos do exame do Cambridge English Language Assessment, ou seja, não cumpriram os objectivos.

Para o presidente da Associação Portuguesa de Professores de Inglês (APPI), Alberto Gaspar, os resultados “traduzem a existência infeliz da conjugação de dois factores” que a APPI tem vindo a apontar: a carga horária reduzida de Inglês e o número excessivo de alunos por turma.

“A carga horária extremamente reduzida de Inglês sobretudo no 3.º ciclo, que é o que está em causa, que em alguns agrupamentos é apenas de 90 minutos por semana. É muito difícil desenvolver competências nomeadamente falar Inglês com uma carga horária tão reduzida. No mínimo devia ser o dobro, para o trabalho ser consistente”, defende Alberto Gaspar. O segundo factor prende-se com o “número de alunos por turma” que “tem vindo a aumentar”: “Em alguns casos as turmas têm 30 e mais alunos. E no máximo deviam ter 24 ou serem desdobradas”, nota.

Segundo Nuno Crato, a generalização no 3.º ano da oferta da disciplina, que terá uma carga horária mínima de duas horas semanais, obrigará a “um novo recrutamento de professores de Inglês no ensino básico”. Isto implicará, por sua vez, um concurso extraordinário de professores. O ministro não adiantou, contudo, qual será o número de vagas e quando será aberto esse concurso. O governante também sublinhou que será necessário actualizar os currículos do ensino básico de forma a incluir o ensino da língua inglesa, primeiro, no 3.º ano, e depois no 4.º ano.

Apesar de garantir, em relação ao projecto-piloto anunciado, que as experiências continuarão no terreno, Crato garantiu que “em 2015-2016 estarão reunidas condições para generalizar o ensino do Inglês” ao 3.º ano do 1.º ciclo”. O governante considera que, sem esta oferta aos mais novos, o modelo de ensino não permite sucesso para todos: “Não sendo curricular no 1.º ciclo haverá escolas e alunos que têm sucesso e haverá alunos que têm um domínio da língua inglesa bastante deficiente. E o que este teste de diagnóstico nos mostrou claramente foi isso: há dois grandes grupos, um grupo que tem grandes limitações a Inglês e um grupo que já começa a ter um domínio bastante razoável da língua inglesa”, disse. O governante admitiu que existem “níveis preocupantes do domínio da língua inglesa num conjunto muito grande de alunos”.

Docentes das AEC
Para que esta oferta seja generalizada, no ano lectivo de 2014/2015 os professores de Inglês de diferentes níveis de ensino terão já em 2015, e antes da abertura desse concurso, formação para darem aulas do 1.º ciclo, seja didáctica ou relativa a conteúdos. Será ainda criada mais formação, ao nível de mestrado, na área do Inglês no ensino básico.Para já, porém, “no imediato”, o ensino do Inglês no 1.º ciclo será feito “com base nas pessoas que neste momento existem no sistema”. “Temos professores do 1.º ciclo que estão habituados a alunos destas idades e que dominam a língua inglesa. Temos professores do 2.º ciclo de Inglês que estão treinados para ensinar a uma idade muito perto da do 1.º ciclo e temos professores de Inglês do 3.º ciclo e secundário que têm obviamente um grande domínio da língua inglesa, mas muitos deles necessitam de alguma formação complementar para poderem ensinar o Inglês a miúdos de 8, 9, 10 anos”, afirmou, sem afastar, contudo, a possibilidade de novas contratações.

“É possível que haja novas contratações para o Inglês curricular, mas neste momento existe um grande número de professores de Inglês com insuficiência lectiva, que poderiam ter mais horas de leccionação. Há professores de Inglês com horários zero, infelizmente. E há muitos professores do 2.º ou 3.º ciclo que gostariam de ensinar no 1.º e mesmo professores do 1.º ciclo que tenham um domínio muito bom da língua inglesa e que, uma vez certificado esse domínio, com alguma formação complementar terão certamente gosto em leccionar”, notou.

Quando o concurso extraordinário abrir, serão estes professores, de diferentes graus de ensino, que poderão concorrer: “Mediante uma formação complementar, poderão aceder a este novo grupo de recrutamento e leccionar Inglês no 1.º ciclo. Nós não estamos a falar de grupos de recrutamento estanques, estamos a falar de terem, além do grupo de recrutamento em que estão, um outro grupo de recrutamento e poderem concorrer aos dois lugares”, explicou, ressalvando, porém, que “ninguém vai ser obrigado a concorrer”.

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