Há uma análise sobre os resultados do referendo que gostaria de ver realizada. Não a posso fazer eu: sobra-me falta de tempo, de meios e de instrumentos conceptuais para o fazer. Mas dentro dessas limitações, sugiro aos leitores deste blog que consultem a página oficial da Comissão Nacional de Eleições sobre o referendo e verifiquem se concordam com a minha singela perspectiva sobre estes dados:
No Porto, a freguesia mais rica (Nevogilde) teve 39.64 de votos no SIM contra 60.36 de votos no NÃO; mas a freguesia mais pobre (Sé) teve, respectivamente, 72.06 contra 27.94.
Ainda no Porto, os concelhos de Porto, Matosinhos, Gaia, Maia, Gondomar e Valongo votaram claramente pelo SIM; mas os concelhos de Marco de Canaveses, Lousada, Baião, Felgueiras e Amarante votaram inequivocamente NÃO.
Em Vila do Conde, as freguesias mais interiores e mais arreigadas à fé católica (Arcos, Ferreiró) votaram pelo NÃO; mas as freguesias mais urbanas (Árvore, Azurara) votaram SIM.
Em causa estão, portanto, três situações dicotómicas: ricos/pobres; interior/litoral; católicos/laicos. E nem faço referência à evidente distinção Norte/Sul – basta comparar os resultados de Braga com os de Beja, onde Ferreira do Alentejo se destaca com uns impressionantes 90-10.
Isto é capaz de querer dizer qualquer coisa.