A Randstad levou 15 professores de volta às salas de aula, depois de vários meses de desemprego. Desta vez, não estão ali para ensinar, mas antes para aprender. De que se trata? De um programa-piloto de reconversão de competências que a empresa de trabalho temporário está a realizar em Portugal pela primeira vez na história, e que envolve uma parceria entre uma tecnológica (Coriand) e uma universidade de Lisboa.
A ideia é simples: a Coriand contactou a Randstad porque precisava de programadores java, que “são poucos e muito especializados”. E para responder ao cliente, a empresa de recursos humanos iniciou um processo de reprogramação de competências de pessoas que estavam sem trabalho há vários meses ou muito insatisfeitos com as funções que cumpriam.
“Temos sentido nos últimos 3 a 4 anos dificuldades acrescidas no preenchimento de vagas em funções técnicas muito específicas”, revelou a empresa de trabalho temporário ao Dinheiro Vivo.
Assim, juntaram 15 professores de Matemática, Física e Química, entre outros, que estavam “fora das tecnologias de informação” e iniciaram o projeto Reprograma a Tua Carreira, que poderá ser replicado a nível internacional futuramente. “É importante saber que podermos reprogramar as pessoas”, lembra a empresa, admitindo, no entanto, que “para iniciar este programa tivemos de entender quais eram as competências necessárias a um programador e quais eram as soft-skills dos candidatos que poderíamos utilizar e reformatar”.
O curso, que começou a 1 de outubro e tem a duração de três meses, está a decorrer nas instalações da Randstad e não tem custos para os formandos. No final, com base numa avaliação que será feita pela Randstad Tecnologies, estes formandos saberão se foram devidamente “reprogramados” e, se for o caso, terão emprego imediato.
A formação está a ser levada a cabo por professores universitários e técnicos daquela empresa e, segundo a Randstad, poderá criar “uma equipa de topo”.
Para já, a Randstad admite que a execução do programa está “a superar as expectativas de todos” e que “o empenho da equipa de recrutamento, da equipa de formadores e dos próprios formandos tem sido notável”.
O desemprego em Portugal está a cair desde fevereiro do ano passado, mas o número de pessoas sem emprego há mais de doze meses continua alarmante. São 461 mil portugueses, num universo de 688 mil desempregados.