A “excelente universidade” que existe em Portugal tem de ser pensada como um “produto de exportação”, afirma Marçal Grilo. Com “o descrédito” a aumentar numa União Europeia “em crise”, o antigo ministro da Educação elogia “o papel” das universidades na investigação.
A universidade em Portugal está bem, recomenda-se e até pode ser exportada, defendeu ontem Marçal Grilo. Para o antigo ministro da Educação, a “excelente universidade” portuguesa poderia servir de exemplo no plano da União Europeia (UE).
“Há que perceber que Portugal tem uma excelente universidade e que este pode mesmo ser um produto de exportação”, afirmou Marçal Grilo, no sétimo debate dos ‘Novos Paradigmas da Educação para o Desenvolvimento Humano’, que se realizou na Faculdade de Engenharia (Porto).
Ficou, logo de seguida, um alerta: “com exportação não se confunda com mercantilização”.
Marçal Grilo, administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, admitiu estar “preocupado” com “o descrédito que está a ser dado” ao papel da universidade na UE. Numa altura de crise, reforçou, é “necessário” juntar as ciências e a engenharia às disciplinas sociais. “Isto tem uma importância enorme para a compreensão do mundo como ele é hoje”, argumentou.
“Há que ter muito cuidado com isto. Sei que existem setores céticos dentro da UE, mas defendo que não há investigação aplicada sem investigação fundamental”, insistiu o antigo ministro da Educação.
“Vivemos em tempos sem valores, sobretudo o sentido da ética”, reconheceu Marçal Grilo, e a universidade tem um papel fundamental na descoberta de “como é que se vai sair da crise atual”, não apenas em Portugal, mas em toda a UE.
“O empreendedorismo é uma palavra que já nos cansa, mas, de facto, existe uma nova economia que nasce da iniciativa individual e da criatividade”, reforçou.
No final do debate, o administrador da Fundação Calouste Gulbenkian não quis responder à agência Lusa, quando confrontado com as anunciadas prioridades do Governo para o Ensino Superior.