Para serem bem sucedidas, as escolas precisam estar voltadas para sua missão fundamental de ensinar e aprender. E elas precisam fazer isso para todas as crianças. Essa deve ser a meta mais abrangente das escolas no século XXI.
Trecho final do livro Left Back: a century of failed school reforms, de Diane Ravitch, New York: Simon & Schuster, 2000. Tradução de Jarbas.
Vi aqui e no De Rerum Natura os comentários sobre o eduquês, praga que assola o planeta [isso mesmo, exemplos de eduquês podem ser encontrados às pencas também aqui no Brasil]. Venho brigando contra o eduquês numa Faculadade de Educação. É uma luta inglória. Mas há esperança. Por isso gostei tanto do livro de Diane Ravitch, escrito em idioma humano, perfeitamente compreensível, e mostrando os males que o escolanovismo e outras modas trazem para a ciência. Por isso traduzi as páginas finais da obra de Diane. E parece que minha impressão de que tais páginas fariam bem aos educadores, pelo menos para aqueles que se sentem mal com o eduquês, andou acertada [ao menso aí em Portugal…]. Abraço grande, Jarbas.
Caro Jarbas,
Seja bem-vindo ao meu pasquim.
Encontrei este seu texto precisamente no “De Rerum Natura”e pareceu-me tão interessante que resolvi colocá-lo aqui, identificando a origem e o autor. Efectivamente, também por cá se vai discutindo o que se pretende com a educação, havendo algum extremar de posições: os profissionais e académicos da área das Ciências da Educação parecem sentir-se atingidos pela expressão “eduquês” e os “anti-eduqueses” são frequentemente conotados com o neopositivismo e o neoliberalismo.
Polémicas políticas à parte, parece-me interessante que os assuntos sejam discutidos despreconceituosamente. Infelizmente, tal nem sempre é possível, num país onde todos se conhecem e onde as mentalidades são ainda mais fechadas que os próprios círculos e circuitos académicos.
Quando uma teoria, pedagógica ou não, é aceite como ideologia de forma acrítica e acéfala, toda a centelha de discussão deixa de ser possível.
Poderá encontrar mais artigos sobre educação em http://professorsemquadro.blogspot.com
Cumprimentos,
SL
Custa-me entrar assim num qualquer lugar em que se fala de educação. E custa-me porque por mais que leia não encontro o que sinto ser primordial.
Ninguém fala de que a escola corresponde quase a um terço da vida de cada criança que lá entra (as que entram).
Ninguém fala que os adultos que frequentam essa escola têm uma noção de tempo nos antípodas das crianças.
Ninguém refere que adultos e crianças deviam viver esse tempo para se juntarem no mais elementar dos sentidos, que é aprenderem coisas uns com os outros.
As crianças (as que podem frequentar escolas) não escolhem estar em casa ou na escola, não escolhem quando podem brincar, não escolhem como se aprende, não escolhem o humor do adulto que não está com pachorra para a ouvir, porque tem filhos, casas para pagar, supermercados para ir, filmes que lhe apetece ver, notícias de jornais interrompidas pela puta da campainha que diz que tem que ir dar uma aula precisamente quando até o café lhe estava a saber bem.
Ninguém refere o fosso entre a vontade do adulto e a constante vontade da criança.
Ninguém se pronuncia sobre as crianças. Todos se pronunciam por eles próprios (até porque dá muito trabalho).
Desculpem o desabafo
Ricardo Serrano
Tem razão no que afirma, Ricardo.
Mas talvez o egocentrismo a que se refere esteja a ser justificado pela degradação das condições profissionais que são impressivamente sentidas por aqueles que [ainda] gostam da sua profissão.
acrescento mais uma nota politicamente incorrecta: será que a maioria dos alunos (pessoas) consegue atingir 50% das competências que se lhes exigem na escola? Julgo que não. Julgo que apenas uma minoria nasce dotada de capacidades. O erro é pensar que somos todos iguais. Não somos.
Caro Rui, apetece-me, depois do seu comentário, ser ainda mais incorrecta: será que a maioria dos professores (pessoas) consegue atingir 50% das competências que se lhes exigem na escola?