Fonte: https://uptokids.pt/educacao/seguranca-educacao/o-que-podemos-fazer-para-tirar-poder-ao-bullying/?fbclid=IwAR21eploRn6w__b_lozmqipv4mPyyXpCoKSEUvHsfRw79_q_a0ovwko-zvw
O bullying tem várias características próprias, como a repetição do comportamento abusivo, um claro desequilíbrio entre o agressor e a vítima, e uma intenção do agressor em prejudicar a sua vítima. É algo dirigido, e não aleatório. É continuado no tempo e tem uma vítima sem a mesma capacidade de resposta que o agressor, que exerce o seu poder sobre ela.
O que podemos fazer para tirar poder ao bullying?
É muito importante cultivar um canal de comunicação com os nossos filhos deste cedo, para que eles sintam que nos podem contar as coisas mais pequenas e as maiores. Que somos um porto seguro, e um dos seus adultos de confiança a quem se podem dirigir sempre que precisarem. Para isso, nota como recebes alguma coisa que o teu filho te vai contar, especialmente quando fez uma asneira. Eu penso sempre na coragem que ele teve em ser verdadeiro comigo, por isso a primeira coisa que lhe digo sempre é “Obrigada por me teres contado”.
Funciona como uma pausa interior minha de micro segundos, que me ajuda a alinhar tudo o que vou fazer e dizer à minha intenção como mãe. Ajuda-me a valorizar o facto de ele sentir que pode falar comigo, algo essencial para a nossa relação, e para os desafios que ele vai enfrentar no seu crescimento.
O Bullying não é simples.
Tem muitos fios enrolados, muita dor envolvida, muitas pessoas que acabam por ter um papel ativo sem terem noção disso. Ser espectador também fomenta o bullying. Ele existe alimentado pela audiência que tem. Não ser plateia, ajuda a diminuir o seu poder.
Trabalhar desde cedo a empatia nos nossos filhos é para mim uma das mais poderosas aliadas anti-bullying. Deve estar lá desde sempre. Tal como lhes ensinamos a ler e escrever, deviam aprender a ler emoções, a colocar-se no lugar do outro a perceber o impacto das suas ações, a trabalhar o seu lado humano.
Como é silencioso, temos de ter atenção às pistas.
No caso da vítima, os sinais de alerta são, por exemplo:
- desaparecerem com frequência as suas coisas na escola;
- aparecerem com marcas ou nódoas negras regularmente;
- evitarem os recreios;
- não serem convidados para as festas de aniversário;
- apresentarem resistência constante em ir para a escola.
No caso dos agressores:
- aparecem com objetos ou dinheiro extra regularmente;
- são pouco empáticos perante a situação dos colegas;
- desvalorizam a escola;
- são desafiadores da autoridade;
- respondem com uma atitude provocadora;
- gozam com a situação das vítimas;
- nunca aceitam as suas responsabilidades culpando os outros;
- demonstram agressividade nos jogos e situações de desafio.
O bullying já não tem limites físicos. Com a evolução das redes sociais já salta os portões da escola. Acompanha a vítima de uma forma silenciosa mesmo quando está em casa. Persegue-a e aumenta em número e impacto a sua audiência.
Para prevenir o cyberbullying para além de trabalhar a empatia, essencial para perceberem o impacto das suas ações nos outros, devemos mostrar aos nossos filhos como utilizar de uma forma equilibrada as redes sociais. De uma forma humana e consciente. Nas redes sociais, como não vemos a cara, não vemos a reação do outro. Uma sequência de emojis e fotografias retocadas, de cenários fabricados, de vidas “perfeitas” onde a desumanização dá por vezes origem a situações de grave violência psicológica.
Mesmo que o bullying não aconteça ao teu filho, não é por isso que possa ser ignorado.
É como um vírus, espalha-se. Contamina quem o faz, quem dele sofre e quem assiste. Não pode ser trabalhado isoladamente, mas todos devemos intervir, participar, prevenir, denunciar, tomar um papel ativo nas escolas e na vida para que o bullying diminua.
O bullying afecta TODA a escola. Por isso, todos temos de ter um papel.
Tudo está a mudar muito depressa. Perdemos o pé, o foco, ficamos enrolados e não notamos o que se está a passar mesmo à nossa frente. Temos muito tempo para fazer, temos pouco tempo para ser.
O bullying precisa de ser resolvido por todos, em conjunto, em comunidade para que nenhuma criança se sinta sozinha. Nem nenhum pai.