Sorbonne alerta para nova “diáspora no limiar da precariedade”

A Universidade Sorbonne, em Paris, acolheu hoje um seminário que expõe “uma nova diáspora no limiar da precariedade, em condições péssimas”, disse à Lusa Isabelle de Oliveira, diretora da Faculdade de Línguas Estrangeiras Aplicadas da Sorbonne.

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“Praticamente todas as semanas recebo doutorandos ou doutorados que vêm bater à porta do meu gabinete para pedir ajuda. Este é o novo rosto da emigração portuguesa. Na emigração dos anos 60 e 70 ainda havia um espírito de solidariedade. Neste momento, essa solidariedade acaba um bocadinho por se atenuar”, acrescentou Isabelle de Oliveira.

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No discurso inaugural do seminário “Migrações. Que Perspetivas?”, a professora da Sorbonne sublinhou que “em todas as análises dos tempos que correm duas palavras são constantes: mudança e crise”, destacando que a nova emigração portuguesa em França está “muito distante dos clichés do passado”.

Por sua vez, Manuela Aguiar, Presidente da Associação Mulher Migrante e antiga Secretária de Estado da Emigração, sublinhou que Portugal voltou a ser “um imenso país da emigração” e lamentou que “aquilo que o país ainda não nos deu é o direito de poder não emigrar”.

Sobre a fuga de cérebros, o deputado socialista Paulo Pisco disse à Lusa que se trata de “um mau sintoma, porque houve um esforço muito grande por parte da sociedade para qualificar os portugueses para desenvolver o país e limitar os fluxos migratórios”, que qualificou como um dos “dramas nacionais” de Portugal.

Porém, Carlos Gonçalves, deputado do PSD, salientou, à Lusa, que “não convém esconder com uma árvore a floresta porque o grosso do contingente de portugueses que emigram para o estrangeiro tem uma situação contrária”, especificando que “não têm competências profissionais para serem competitivos no mercado de trabalho em que se instalam”.

“Portugal viveu uma crise económica e o país viveu uma situação muito complicada, particularmente, no emprego jovem. Sendo um país que hoje forma mais pessoas do que no passado, é evidente que o número de pessoas a entrar no mercado de trabalho com formação académica é superior”, lembrou Carlos Gonçalves, convidado para intervir no debate sobre Cidadania Europeia e Identidade nacional no seio da UE.

O socialista Paulo Pisco também participou neste tema, alertando que “nas últimas eleições para o Parlamento Europeu houve um ganho de influência da extrema-direita que não é apenas contra a emigração exterior à União Europeia mas contra a própria emigração europeia”.

O seminário, organizado em parceria com a associação portuguesa Mulher Migrante, enquadra-se num ciclo de colóquios sobre a temática “O 25 de abril e a liberdade de emigrar”, iniciada em abril no Palácio das Necessidades, em Lisboa, e que já passou pela Universidade de Berkeley, na Califórnia, pela Universidade Aberta, em Lisboa, devendo continuar até outubro em instituições portuguesas e estrangeiras.

Outros temas em debate foram “Emigração e os Direitos Sociais em Tempos de Crise, “A Nova Emigração Portuguesa” e “Mulheres Migrantes – as novas tendências migratórias”.

O colóquio acontece uma semana depois de o Instituto Nacional de Estatística ter revelado que Portugal perdeu quase 60 mil habitantes em 2013 por causa do aumento do número de portugueses a emigrar e da redução de nascimentos.

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